sexta-feira, 4 de julho de 2014

A Farewell Song

     Pra lá de sugestivo, não?


***


     Hei de promover um trauma neste blog. A intermitência que caracterizou a assiduidade com que aqui escrevi chega ao seu derradeiro intervalo. São tempos de abandonar um futuro considerado arcaico pela minha nova conjuntura, e faço-o ao findar o meu cântico neste espaço. Cesso a escrita compromissada, aquela incumbência aflitiva de gravar meus pensamentos. Nunca a desvalorizarei, ao contrário, reconheci nela grande parte da minha essência na escrita, assunto que discuti pormenorizadamente em um novo ambiente.
     O meu Senso Incomun é uma das relíquias de minha existência. É racionalmente pecaminoso em vários pontos, confuso noutros e reconhecidamente irreconhecido; nada disso importa-me. Nunca me afastei de meu objetivo mais sublime, que foi deixar nuances das minhas experiências mais marcantes. Encerro aqui uma ferramenta mnemônica que transcende a simples recordação. 
     Minha memória é, no mínimo, esquisita, mas sei que deixei aqui gravado os momentos dos quais não posso esquecer-me, pois creio que muitos outros, hão de esvanecer.


Não me esquecer de mim

     Nunca pude confabular profundamente com um amigo a ponto de identificar uma verdadeira negligência da minha memória. Ainda assim sempre cismei com algo semelhante, já que meus amigos se lembram de situações tão específicas e pontuais como os professores do ginásio, os colegas de classe e até mesmo algumas experiências compartilhadas comigo das quais não guardo menção nas prateleiras do meu cérebro.
     Sei que devo levar em conta que as pessoas têm suas memórias advindas das diferentes impressões que sofreram, essas sempre sendo muito subjetivas e individuais, mas se eu depender apenas dessa premissa acabo por concluir que muito da minha vida passou simplesmente desprezado, como se eu estivesse sempre ocupado, entretido com algo que me desviasse ou pelo menos dificultasse minha atenção às cenas rotineiras.
     Hoje paro e fico abismado com as proporções que esse blog tomou em minha vida! Como pôde seguir tanto adiante? Persistir, endurecer frente aos desânimos e ser resiliente o suficiente para suportar o ocasional enfado de um adolescente que poderia simplesmente desistir de usar seu tempo para escrever textos quase nunca comentados? E fico extremamente aliviado em vislumbrar essa pequena história que contei ao longo de dois anos. Meu ensino médio criptografado em alguns textos e reflexões pueris.
     Nunca deixarei de surpreender-me com algo que escrevi. Não por deleite estético, mas sim pela franqueza e ardor com que escrevi cada texto desse blog, a vontade de expressar, de lançar ao julgo alheio tantas perguntas, de mostrar revolta, demonstrar conhecimento, desmontar preconceitos. Essa é uma das grandes experiências que aponto em minha adolescência. Enquanto há aqueles que possuem aventuras muito mais vendíveis num cinema de shopping, extasio-me por dentro, deliciando - me silenciosamente por reconhecer que não exitei em construir algo de valor. Eu já fiz um pouquinho do infinito que ainda quero fazer, mas, com certeza, não ficará perdido nas catacumbas da memória.


Conversa entre amigos

     Saudável. É como descreveria a busca por reconciliação, a qual venho febrilmente aplicando em cada desatino, os laços dos quais tanto falei passam por um revigoramento que nunca existe por si só, nunca é natural. Deve ser ativamente exercido; é principiado por uma das partes mas somente gera frutos quando promovido em conjunto. Os problemas que enfrentei com as pessoas que muito estimo, foram dissolvidos com uma conversa entre amigos, a melhor forma de confraternização de um laço.
     E quando paro para pensar no quão bom foi parar de sofrer em silêncio, interrompendo a remoção de sofrimentos, martelados com a precisão de que nossa alma consegue investi-los para enfim expor, MOSTRAR! REVELAR a angústia ao sol! onde ela sôfrega ainda resistiu por certo tempo, mas enfim esmoreceu devido a ausência de um refúgio. Esse refúgio é alma cansada de cada um, parasitada por males que não resistiriam à confraternização de duas pessoas.
     É preciso ter essa audácia, de expor o problema. Por mais cataclísmico que possa parecer, ele só o é guarnecido em nossa mente frutífera, imaginativa e egoísta. Damos a esses assuntos habitat para que possam crescer, tomar proporções grotescas as quais são ridículas quando observadas por dois seres humanos. É claro, essa audácia só pode ser cogitada quando a soberania interna é conseguida. Ser soberano sobre seu ser, é nada menos do que não ter medo de viver aquilo que você deseja viver.
     Caso essa soberania não seja alcançada, o compartilhamento de uma angústia torna-se fútil e vazia. Um exemplo interessante e impossível de não ser incluído nesse texto é a realidade de uma pessoa com schizophrenia. A ilusão deve ser combatida, mas somente à luz daqueles que não estão submersos. Somente assim é possível reconhecer a falsidade de uma suposta realidade e, no nosso caso, promover o fortalecimento de um laço.
     Esse blog sempre foi a preliminar de uma conversa entre amigos, tamanho é seu valor.


Por fim

     Há tempos me perguntava qual seria o sentido da amizade se mesmo meu amigo mais próximo não entenderia, nem se identificaria com alguma situação pela qual eu passasse. Essa pergunta por muito pairou sobre minha cabeça, e isso é uma ameça perigosíssima para o meu ser, pois uma pergunta não respondida tende a perdurar-se até tornar-se insuportável. Salvo algumas que não passam de uma importunação mental. Agora sei que é justamente por não entenderem, e por não se identificarem com meu problema que eles são tão preciosos, pois somente alguém alheio a uma dor, porém amável para com aquele que sofre é que pode resgatar esse último da sua própria desgraça.
    Só pensei nisso ao escrever minha despedida, o que revela que mesmo quando menos espero, ainda posso obter sabedoria desse lugar. Por fim, há muito não me dirijo a você dessa forma; caro leitor. Porque sei que muitos leram, e eu sempre também escrevi pensando em vocês. Não paro de escrever, e  é possível encontrar o lugar onde agora escrevo (muito facilmente isso seria feito). Num primeiro momento, porém, não sinto vontade de divulgar esse outro reduto de minhas palavras. Inté e boa sorte.



Arthur,




médico o caralho.....   

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A dor da cura

     Um copo de suco de beterraba e cenoura,  uma refeição de quiabo, batatas, arroz e feijão me acompanham na escrita desse texto. Estou no meio de uma rotina recém-adotada pela minha pessoa - cai entre nós que ela é meio cansativa - mas retiro precioso tempo de meu dia para escrever.
     Eu estou perdido, como sempre, não?
     Você... que acompanhou alguns textos desse blog, o quanto você já não me viu questionar, apresentar e debater comigo mesmo? Você que talvez tenha essas como minhas primeiras palavras, e espero sempre que elas sejam acolhidas com a mesma intensidade com que escrevo-as, deve saber que meu ser está em constante turbulência, e a maresia é premonitória de um acesso de raiva ou da profunda tristeza que por vezes me acomete. 
     A estabilidade. Preciosidade do nosso universo, eu diria. Todo sistema estável tende a perpetuar-se. E quando digo estável, não quero dizer inerme ou fixo, visto que vejo o próprio caos - nas circunstâncias corretas - como exemplo de estabilidade.
     Falho em responder se sou instável ou o oposto. O que posso dizer é que, de tempos em tempos, meu ser condena-se a uma intensa vigília que culmina no ato de escrever e/ou numa ação mais "concreta" da minha pessoa, por vezes uma mudança de postura. 
     Conscientizo-me de que muito mudei desde meus primeiros rabiscos sérios neste blog. Foi uma transição saborosa e transbordante de mim. Mas agora, à meu próprio pedido, respondo que a principal diferença entre este que vos escreve e aquele que há tempos fez o mesmo é a gradual percepção que a razão me falha, por mais que eu quisesse negá-lo. 
    Numerosas vezes ao dia, e por mais que tente ser racional, só irei fazê-lo em momentos nos quais minha então serenidade não permitirá senão apenas isso. Noutros momentos (tristes, não por serem taciturnos, é que entristecem-me por sua existência) em que me perco por entre meus traumas, a maioria dos esforços são em vão.
     Isto se dá porque a situação capaz de desestabilizar o indivíduo é justamente a última que ele desejaria tratar racionalmente e, salvo a raiva mais animalesca, o sentimento de fúria está intimamente relacionado com o medo.
    Existem vários fronts de combate. A maioria deles se dá sanguinária e violentamente em gigantescos campos abertos, posteriormente tingidos do vermelho vivo de cada combatente, podendo ser cada um uma pessoa ou uma pessoa cada um deles. Lutamos. Convivemos. Temos nosso próprio exército, convocado pela evolução e pela sociedade humana. 
     Porém, não são essas as mais difíceis batalhas de serem travadas. 


     Dentro duas tuas muralhas

     " - Afirmaste certa vez - disse-me um dia - que a música te agradava por ser totalmente destituída de moralidade. Está certo. Mas o que importa é que também tu não sejas moralista. Não há por que te comparares com os demais, e  se a natureza te criou para morcego, não deves aspirar a ser avestruz. às vezes te consideras por demais esquisito e te reprovas por seguires caminhos diversos dos da maioria. Deixa-te disso. Contempla o fogo, as nuvens e quando surgirem presságios e as vozes soarem em tua alma abandona-te a elas sem perguntares se isso convém ou é do gosto do senhor teu pai ou do professor ou de algum bom deus qualquer. Com isso só conseguimos perder-nos, entrar na escala burguesa e fossilizar-nos. Meu caro Sinclair, nosso deus se chama Abraxas e é deus e demônio a um só tempo; sintetiza em si o mundo luminoso e o obscuro. Abraxas nada tem a opor a qualquer de teus pensamentos e a qualquer de teus sonhos. Não te esqueças disso. Mas abandonar-te-á quando chegares a ser normal ou irrepreensível. Abandonar-te-á em busca de outro cadinho onde possa cozer seus pensamentos." 

     Longe de mim está a intenção em discorrer sobre as dualidades. Tamanha barroquice não se encaixaria em meu pensamento, pois é tão contraditória às minhas ideias quanto firmar-se numa premissa que é baseada num pensamento que a nega.
     Invocar conceitos como o certo e o errado também não me ajudarão neste texto, porém, posso deslizar nossa conversa sobre alguns pensamentos existenciais que me ajudarão a expressar tamanho desejo. 
     Escrevi sobre o Reconhecimento Egoísta no último texto que postei. Fechei-o com a frase: "O fato de que todo mundo é sozinho, me consola." A mais pura verdade sobre a minha pessoa, e apresentei o fruto da minha árdua busca por uma solução para o egoísmo humano. Reconhecer o próprio egoísmo no outro, para que assim querer teu bem poderia ser um interesse de muitos outros além do seu próprio. 
     O mais interessante de conversar com o ser humano puramente egoísta dentro de cada um é que não importa o quanto você, prezado leitor, tente impedir. Posso conversar livremente com esse teu lado considerado obscuro, com sua anuência ou não. 
     Claro que se o puro egoísmo faz parte das masmorras do teu ser, assim o é porque ainda não se atreveu a pensar livremente, a cultuar o nada, o neutro. Há quem diga que o nada é a ausência, e que o neutro é o cancelamento; o zero. Não os vejo assim, e se tomasse tais termos para aludi-los não faço pensando na ausência, mas sim na presença de dois opostos. 
      Às masmorras do teu ser, nada que te pertence deverá ser atirado. Tudo que te faz deve permanecer ao lado de toda sua guarnição, pois somente assim será rei de tudo, dos cavaleiros, da plebeia, dos mercenários e assassinos que são tu. 
     O trecho de Demian pareceu-me assaz oportuno para dizer sobre meu estado atual, ao mesmo tempo que compartilho convosco tamanhas relíquias (excerto e o pensamento nele contido). 
     Não leve para dentro dos teus muros a lei do outro. Que transpareça apenas o que tu permitires, mas nunca permitas que habitem a sua mente preceitos e condenações. Seja demônio e deus ao mesmo tempo.
     Antes de falar do obscuro de um castelo mal-assombrado, peço que nenhum homem seja esquecido da tua armada, senão, sucumbirás.
     
      Intocáveis

Hello darkness, my old friend
I've come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left it's seed while I was sleeping
And the vision that was planted in my brain
Still remains within the sound of silence

     Incubo-me de não permitir que olvides de minha afirmação sobre as guerras travadas. O sentimento nelas contido é de exasperação, encorajadores estandartes crescem de um imenso exército, o ar da batalha está no sangue de cada combatente.
     O desgaste é incomensurável. O preço simplesmente muito alto. Mas reitero: existem desafios mais árduos, mais assustadores, eu diria. 
     E então invoco meu objeto de análise que apareceu timidamente no primeiro subtexto; medo. O medo do escuro nunca nos abandonará, ele só transmuta-se, para nosso horror. 
     Primeiramente é preciso nos organizar, pois quero exatamente chegar naquilo que te perturba. Para isso descreverei, e rogo pela sua máxima atenção. 
     Com o tempo é via de regra percebermos que existem certos assuntos que nos perturbam de uma maneira estranha, excêntrica. Muitas vezes não conseguimos achar um motivo racional para tamanho desiquilíbrio estabelecido quando alguém toca nesses pontos. Porém, quando nos inserimos nesse estado, a consciência de como estamos nos comportamentos esvanece. E é por isso que será muito difícil encontrá-lo, naturalmente não queremos pensar nele, evitar, evitar, evitar; essa é a ordem geral do nosso cérebro. Portanto se esforce. 
     Nossas grandes falhas, principalmente nossas piores frustrações. Procures por aí. O ato de conscientização é tudo, por isso, o mais difícil de se concretizar. Ter consciência por exemplo, que vens negando todas essas frustrações por meio de desculpas, e não me refiro preferencialmente àquelas dadas aos outros, e sim as mentiras que contas para ti mesmo.
     Porque dói reconhecer... a realidade, a incerteza, e aqui perdemos a batalha. O medo finalmente se apodera, a morte reina e leva não apenas os mortos, mas a essência dos vivos. Retornando à perspectiva na qual estais sozinhos, porque não encarar? Encara-te. Tenho me voltado para essa batalha às cegas ultimamente. 
     Eu vejo as pessoas o meu redor esperando outros de mim. Eu não vivo meu eu mais genuíno, e isso me corrói, me desespera pensar que posso estar omitindo a informação mais valiosa que poderia compartilhar com o universo. E pior, escondo-a de mim mesmo. As amarras nunca são completamente cerradas, existe uma maneira de fugir, de libertar-se.
     E se ainda tenta convencer-te que não existe mais possibilidade, lanço uma luz - talvez - e digo que há de se desprender das pessoas, pois como disse anteriormente essas não acompanharão tua jornada, não são garantias, tal como nossa permanência aqui não é. Pense... e que isso não soe como uma filosofia barata, isso me enoja. Não se trata de uma conversa de fim de semana, de um papo jogado fora, de uma tentativa de mostrar sua inteligência disfarçada numa conversa racional... Longe disso, eu nunca escrevi para mostrar filosofias, sim, escrevo para ver o que vós achais da minha escrita, dos meus pensamentos, para identificar se compartilham...
     Eu disse anteriormente que estou aprendendo a enxergar quando normalmente ficaria cego, pois eis que digo que com toda certeza possuir esse blog faz com que meu ego se inflame, reconheço. Admito que muitas vezes tomo gosto por fazer meu conhecimento ser apreciado por meus mestres, e por aqueles que admiro em contrapartida, mas nunca foi apenas isso, na verdade, ao reconhecer posso dizer realmente que foi um verdadeiro monólogo. Escondido atrás de uma árvore recitando palavras, porém ansiando por que alguém que por ali passasse ouvisse-as e me desse sua atenção. Pois também me sinto sozinho.
      Tudo isso é verdade, mas esbarra no nojo em que sinto dessa mesma atitude. Talvez tão indissociável que é preciso sofrer para encará-la. Eu tô a fim de levantar dessa sombra e seguir um novo caminho. 
      Mas não, não ouseis dizer que venho aqui e jogo tudo isso ao léu, esperando reconhecimento, esperando que aumente meu ego e apenas! Existe um motivo para mostrar tudo aquilo que sei para meus mestres, para olhar com um olhar diferente para aqueles que à mim se apresentam interessantes. É porque é do meu maior interesse provocá-los, ver o que reside dentro de cada um... E sei, sei que nada ganho em admitir tudo isso, e como eu mesmo disse, o egoísmo humano antecede todas suas intenções por mais nobres que possam parecer. 
     Eu menti quando disse que encontraríamos o que te perturba. Não existe maneira confiável de se fazê-lo aqui, porém, entreguei tamanha confissão, pois não pensei em melhor forma para demonstrar. E vou além, ao fazer isso, comecei a viver um pouco mais do meu eu verdadeiro, obrigado por ser meu comensal nessa experiência. 
     E por isso que acho várias conversas tão vazias, porque não consigo sentir genuinidade, amor a um conhecimento ou outro. Ver muitas coisas que faço apenas por aparência e omitir meu verdadeiro eu; são essas atitudes que me assombram, e não existe melhor palavra para se descrever esse sentimento.
     




Existe muito mais para se dizer, mas muitas vezes são palavras amargas, amargas como o gosto do remédio. Duras de se encarar e que causam dor, uma dor que vamos procurar evitar até nossos últimos dias, a dor necessária para sarar.

Pois havia frango no meu jantar. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Reconhecimento Egoísta

     Eu não sei como tudo isso me atingiu hoje, nem discuto o valor que essas palavras têm para mim, é para mim, incomensurável. Foi talvez por ficar insistindo nessa pobre escrita que consegui finalizar um quebra-cabeça muito difícil de se completar, curioso que, ao terminar de reunir as peças descobri porque fora uma tarefa tão árdua; se tratava de um espelho.  


O caolho atirou a primeira pedra

     A vivência petrificada em rancor.
     Durante todo o meu histórico nesse blog, (nessa vida praticamente) não parei de repetir a mesma ladainha. Eu não sofri. Isso é fato, é componente essencial, ingrediente do que sou hoje, agora. Frisar isso foi realmente um objetivo concluído, mas mesmo admitindo isso, parece que um sentimento de aversão é nutrido a quem "não conhece a vida", por quem não sofreu.
     Esse sentimento nunca me causou revolta, mas me interessou intensamente, fica até difícil expressar aqui o impacto, toda vez que entro em contato com essa visão. Essa visão me corta ao meio, me joga no lixo. É o lembrete de uma raiva latente que muitos nutrem por qualquer um que caia na desgraça de não parecer "sofrido" o bastante.
     Nesse parágrafo "intermediário" digo que sempre haverá alguém acima e embaixo de você. Esse jogo, é só para quem quer perder.
     Foram vários suspiros quando isso aconteceu. Mas de que vale? Questiono-vos, que  vos colocásseis como possuidores de uma experiência que vos faz "vivido". Eu não nutro qualquer sentimento de aversão por aqueles que mal-sabem da realidade, e quereis saber? ó possuidores desse saber, eu não quero aprender nada com essa face escura da vida, se dela vou tirar o ódio para aqueles que nunca vislumbraram-na.
     Sua raiva e sua aversão são motivos suficientes para atirá-los ao chão e despi-los de qualquer sentimento de sapiedade. Eu sei, sou um garoto. Mas você, depois de tudo que viu, ainda rivaliza, com um garoto?
 

Muda-se o discurso

     A bondade do forte é hipocrisia para o fraco era um dos meus lemas até certo tempo atrás
     A bondade é traiçoeira, bem, meu assunto com ela está longe da acabar. É um dos primeiros questionamentos que eu fiz, e se consegui-lo, um dos últimos que responderei. A bondade, justificada por moral advinda de qualquer doutrina é decididamente falha, ela deve ser prescindível de significado, é sobre isso que minha mente transladou nesses últimos meses.
     Quando comecei a escrever sobre o Bem, inclusive opondo-o várias vezes com o mal, residia ainda em mim vontade de discernir entre essas duas entidades há milênios cultivadas. O bem e o mal, traduzidos em sensações boas versus sensações ruins. Hórus contra Seth. Dia - que é quente, no qual é possível enxergar - em oposição à noite - fria, perigosa por nos cegar. Chego cada vez mais perto de abandonar tal discriminação. O pensamento humano é, geralmente, pontual e agudo, pois, sendo assim, em muitas ocasiões não apercebe-se da complexidade daquilo que vê como é bom ou ruim, já que - repetindo - essas noções são tão primitivas e têm seu valor baseado em algo momentâneo e restrito, o que é falho. Explicarei.
     Por serem tão antigas, o homem sempre teve algumas noções do que é Bem. Bem, seria (por exemplo, seu símio egoísta fomentando contra-argumentos no texto do seu conterrâneo) ganhar comida, ser alimentado, logo, alguém que lhe desse comida estaria fazendo o Bem. Cortar-se dói, é algo que não atrai, mas repulsa o ser. Se alguém machuca o outro, está fazendo o Mal, algo nesse sentido. O problema de todas essas situações, é - como já disse - o fato de serem instantâneas e pontuais. É esse pensamento rudimentar que gera conflito em outras situações, como por exemplo, uma vacina! A vacina analisada por esse lógica primitiva, seria algo ruim, portanto, má. Mas é justamente por não preocupar-se com as consequências e com implicações, que esse pensamento nos prega peças.
     "Viver é sofrer", ah doce Schopenhauer. O sofrimento é tão relativizável que torna-se uma inutilidade a tentativa de correlacioná-lo com o Mal. Tudo, qualquer atitude, pode ser dissecada a ponto de não aparentar tendenciosidade nos que diz respeito à suas implicações "boas" ou "ruins". É uma questão do que parece mais certo para aquelas pessoas naquele contexto histórico. Nós inventamos isso.


Motim evolutivo

     Sempre temos momentos em que estamos sozinhos em comparação com o grupo que nos rodeia. Se está perto de duas pessoas, e de alguma forma elas interagem intensamente, nada mais te acomete senão o sentimento de solidão, de abandono. Nada tão trágico ou digno de relevância, afinal, é somente naquele momento que a conspiração é contra ti, na maioria dos outros, somos um agente ferrenho do isolamento alheio. Evolutivamente, somos nada, a não ser uma máquina de sobrevivência, que deve - sozinha - passar seus genes adiante.
     Mas existe algo que me conforta e dá consolo. É saber que por mais que se juntem e eu passe por esse momento duro de própria extração de uma interação, todos estão isolados. As pessoas estão sozinhas. Esse si por si, quando se pensa apenas em você, e eis nosso grande erro, é terrível. Você não tem ninguém, porque, enquanto viver, a tua única garantia é a sua companhia.
     É desolador pensarmos que nenhuma das pessoas que amamos é uma certeza, é uma presença sólida em nossa jornada. Esse pensamento pode nos acometer quando alguém querido se vai, quando nos encontramos sem nenhuma ajuda, ou uma tremenda solidão surge sem nem mais nem porquê.
     No ano passado, encontrei situação difícil de se resolver e procurei refúgio onde quer que pude encontrar. Procurei por variados laços que tinha, e dentro de mim mesmo, na maioria das vezes. Não preciso nem dizer o quanto me senti sozinho ao encarar tamanho impasse, tamanha (confesse logo, Arthur) paixão. E o que essa palavra lembra você, caro leitor, senão um pensamento fixo, que lhe assalta inúmeras vezes durante o dia, e te mantém refém por quanto tempo quiser?
    Sim, algo como uma lembrete constante é um bom começo de descrição para uma paixão. E como algo tão difícil de se fugir, encará-la sozinho parece uma tarefa aterrorizante, é. Foi então, que na procura por qualquer ajuda, encontrei uma pessoa com quem pudesse dividir tal ansiedade, conflito e cascata de sentimentos pelos quais eu passava. Não espalhem por aí, mas ainda passo.
     Bastou um problema em comum para que uma amizade se fortalecesse  a um nível muito importante para os dois praticantes da mesma. Foi lindo ver como uma necessidade em comum uniu-me à outra pessoa de forma tão intensa, sendo que praticamente todo o resto fugia aos nossos gostos, estilos verdadeiramente dissonantes.
     Invoco essa passagem da minha vida aqui para justificar o imenso poder de encontrar si mesmo no outro, é essa a solução para firmarmos uma ponte pelo mar egoísta no qual nos ilhamos. Eu não sabia o que fazer, mas criei um dos meus laços mais fortes porque precisava de alguém igual a mim!
     QUAL SER HUMANO NESSE PLANETA NÃO É IGUAL A VOCÊ? Ele está sozinho, sozinho, e por isso que nossa maneira de pensar novamente nos engana: quer melhor razão para se juntar a alguém, do que o fato de ambos estarem... sozinhos?
     Sim, somos egoístas, creio que todo o altruísmo que exista por aí é um egoísmo disfarçado, maquiado. Mas não existe melhor maneira de resolver isso, senão reconhecer. Entrego-vos a chave do meu texto. Então, agora, seja uma pessoa, vivida ou não, rica ou não, da sua cor ou não, de qualquer modo, ela terá sempre muito em comum com você, e você pode comungar dessa semelhança, e assim, dar sentido à aproximadamente quatro bilhões de anos de evolução.
     E quanto já não escrevi sobre laços por aqui? Eles sempre me pareceram tão curiosos... Principalmente os familiares! ou aqueles mais íntimos, as amizades mais fortes. São todos, sob uma ótica impassível e racional: iguais. Não diferem em nada, e no meu tatear procurando por respostas nesse corredor escuro cogitei a primeira possibilidade de resposta ao imaginarmos cada ser humano como nossos irmãos de sangue, como parte da nossa família. Brotherhood.
     Já imaginou aquele mendigo como teu irmão, teu filho? Permitiria que ele fosse cuspido? Mais esbofeteante ainda é perguntar se aquele que cuspiu nele o permitiria, caso com ele dividisse grande laço? É por isso que fiquei terrivelmente abatido, esses últimos dias, as pessoas defendem com unhas e dentes - que soe o mais animalesco possível - aqueles com quem dividem um laço, mas outros, com quem nada têm, mas ironicamente sem nenhum motivo para que viesse a ter. O que quero dizer aqui é que qualquer pessoa, poderia ter qualquer laço que você tem hoje com você. Respeitando-se o que diz respeito a relações amorosas. Então, qual a diferença entre sua mãe, e qualquer outra mulher que poderia ser sua mãe? Qual? Elas são mulheres, humanas, são iguais. Mas muitas delas estão sofrendo agora, e você as defenderia, mas não está. Então, ao pensar nos outros como próximos, poderíamos mudar, mas essa não era a solução.
     A minha resposta ao egoísmo, é encontrar-se no outros. Se eu montava um quebra-cabeças, agora o finalizei, posso agora, me enxergar dentro de cada um, e isso transcende qualquer laço sanguíneo, qualquer interesse que me venha a memória agora. Impere sobre sua vontade, burle esse egoísmo que foi selecionado dentre os indivíduos por tanto tempo, então daí, a partir daí, eu poderei cogitar a possibilidade de não chamá-los de apenas mais um animal.






     O fato de que todo mundo é sozinho, me consola.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Uma paz nociva

Hoje foi um dia curioso.

     Gostaria de escrever sobre mim.
   
     Terminei há alguns dias o livro Sidarta, do Hermann Hesse. Confesso que foi uma leitura incrível, me fazendo procurar por cada gota de saber contida ali. É claro que eu pude abrir apenas uma pequena fenda de um enorme dique.
     A leitura me intrigou muito. Casou-me pertubação, dúvida e intensa vigília para entender tamanho emaranhado de conflitos. Essa busca estarrecedora, e acima de tudo, intensa, de Sidarta, me cativou até o último instante. E é por isso que estou aqui.
     O fato que mais atraiu minha atenção, é justamente a inconstância dessa busca. Ela não é uniforme, inalterável e pacífica. Ela muda a todo momento, e mais importante ainda, aquele que procura está mudando. Tendo assumido tal fato, encontrei um enorme dilema.
     Ainda mais do que escrever para quem lê, como já mencionei várias vezes, escrevo também para mim. E não só escrevo, como leio, canto, atuo, me expresso. Da parcela que tomo para minha pessoa, retiro meu modo de viver, caracterizado por mudar a cada obra, a cada experiência, como toda pessoa. Porém, eu me atento ao processo, me maravilho com o que consigo perceber.
     Ao analisar uma certa tranquilidade que venho trazendo dentro de mim, fiquei satisfeito. Senti-me feliz por não provocar a discórdia em muitas ocasiões nas quais poderia fazê-lo. Dei-me como realizado por não usar de pretexto algum para levantar a voz, provocar conflitos. Então, desde um grande tempo para cá, venho praticando uma tolerância, aceitação do erro alheio. Que nada tem a ver com paciência, pois essa já pode ter-se esvaído quando me impeço de tomar partido no ciclo do ódio.
     Como tenho espaço para isso (saúdo meu blog) farei um adendo que muito encanta a minha pessoa. Tenho perfeita ciência de que muitos não concordam com o que direi, e não o acham correto, porém, para a minha vida, não encontrei melhor solução - que aliás, como direi pouco à frente, se tornou num enorme problema - do que procurar entender o motivo do sofrimento alheio, e no processo, entender a causa das ações ruins dirigidas a mim. Se alguém sente dor, e por causa disso provoca dor, é mais humano de se entender do que simplesmente cogitar que ela provocou dor sem justificativa alguma. Sei como somos falhos, e sei que precisamos ter essas falhas perdoadas, ou será que não?
     É justamente o conflito no qual me insiro. Ao praticar a tolerância, eu não estaria prejudicando a evolução daquele que me atingiu? Não estaria privando-o de uma censura que poderia-lhe fazer bem? Para melhor ilustrar o problema, decidi colocar aqui um trecho do livro Sidarta.
     "O filho, por sua vez, permitia que o pai se comportasse estupidamente. Tolerava que o velho se empenhasse em conquistá-lo. Humilhava-o diariamente pelos seus caprichos. Aquele pai não tinha nada que o encantasse e ainda menos que lhe inspirasse temor. Era um homem bondoso, o tal pai, um bonachão meigo e brando. Podia ser que fosse um homem muito piedoso, talvez um santo. Mas nenhuma dessas qualidades era suscetível de atrair um menino. Enfadonho, sim, parecia-lhe aquele pai, que o mantinha preso àquela mísera cabana. Sidarta entediava-o, e o fato de ele retribuir a traquinice pelo sorriso, o insulto pela gentileza, a maldade pelo carinho, era precisamente o que se afigurava ao menino como o cúmulo da odiosa astúcia peculiar de um ancião hipócrita. O menino teria preferido mil vezes ser ameaçado ou maltratado pelo pai."
     Ao me lembrar de uma atitude que haveria de provocar uma reação negativa, mas que foram incontáveis as vezes em que permaneci impassível, vezes quais minha única reação não passou de um pensamento de desaprovação, me dei conta de que nada havia de sábio em não censurar. Na verdade era mesquinhez da minha parte. Ingênuo fui!
     Quando imaginei que estaria impedindo a discórdia por não manifestar-me em desaprovação, estava na verdade omitindo a minha parcela de ajuda na evolução alheia! Sei que provocaria atrito, raiva, e sentimentos negativos. Mas então a partir do conflito aquela atitude seria questionada, e com a caminhada do outro, poderia ser repensada.
     O sábio não pode ter amigos. Algo que venho aprendendo é que cada um caminho a seu passo, no seu ritmo. Não adianta sermos expostos ao mesmo conhecimento, às mesmas experiências. Tudo depende de cada. Cada pedacinho dessa vida, tem significado diferente para cada pessoa.
     O sábio atingiu sua meta, ele não pode ajudar na meta dos outros. E o que seriam amigos senão aqueles que estão se ajudando? Aqueles que caminham juntos, não um atrás do outro?


Não para onde irei, mas com quem.

     Fiz essa pergunta. Pode ser que não a responda imediatamente. Mas tenho uma ideia vaga do que é essencial para mim. Eu prezo pelo laço que não distingua corpo, comportamento ou pensamento. Verdadeiro amor incondicional, atingido por aqueles que se desapegam de tudo. Um amor que não dependa de laços sanguíneos, de instintos. 
     É possível olhar para um desconhecido dessa maneira? Amá-lo? É muito difícil, reconheço. Somos na grande maioria, fracos. 
     Decido então, num primeiro momento, buscar sozinho a minha paz. Mas essa paz é tão enganadora, as respostas que busco vão muito além do que algumas palavras podem expressar. Não quero me explicar - este é o ponto - pois as palavras enganam, elas são traiçoeiras. Existe uma verdade muito maior dentro de cada um. E não digo isso num sentido sobrenatural. Estou me referindo justamente ao processo de auto-descoberta. O que é conhecer a si mesmo.
     E no dia de hoje, identifiquei, o principal empecilho a essa caminhada. Passei o dia na casa de uma familiar, e na minha estada, fiquei a par de várias histórias envolvendo uma festa de formatura. O que ouvi foi desde meras fofocas, até críticas sobre o comportamento de algumas pessoas. 
     Indo com calma, dissequei muito do que foi dito, tentei separar o máximo da verdade, e da intenção daqueles que contavam. Percebi algo gritante, porém, não muito novo. Quando a crítica partia para alguns familiares, a postura mudava completamente, enquanto que quando se falava de estranhos, não viam nenhum motivo para ponderar o que se falava. E a leviandade reinou na conversa. 
     O que mais chamou-me a atenção foi a venda colocada por cada um. E então, uma cascata de outras lembranças invadiu meu pensamento. RELIGIÃO. INTOLERÂNCIA. COSTUMES. TRADIÇÃO. 
     E novamente retorno àquilo que vem compondo meu pensamento. A arte do desapego. Pois são de fato, apegados a objetos, ideologias, pessoas, o que seja. E isso impede que usem a razão que jaz em cada um. Admito, que ao entrar em contato com certos tipos de pensamento, acabo por me influenciar e escrever como ser meu norte fosse um pouco mais atraído para esse pensamento. Porém, nunca encontrarei doutrina que se adeque ao meu ser.
     Retorno então a Sócrates. Na filosofia socrática obter o conhecimento é nada mais nada menos que recordar algo que está dentro de cada pessoa. Uso esse processo - e agradeço pelo mesmo ser complexo - para fazer uma analogia do que é trilhar o próprio caminho, descoberto apenas por você, ninguém mais. Busque.
     Admitindo que existe grande obstáculo como as inúmeras vendas que colocamos, posso partir para a resolução do meu primeiro problema. Um impasse levantou-se no horizonte. Não quero apelar para qualquer tipo de atrito que poderia ser evitado, causar qualquer sofrimento desnecessário. Mas julgo mais cruel da minha parte deixar o outro em qualquer estado em que eu possa ajuda-lo, do que causar qualquer dano.
     É que o dano é que me intriga. Para mim, é bem-vindo. Então porque quero privar as pessoas do dano que posso causar? Eu tenho certeza de vou procurar o melhor no mal que vier até mim. Vou a partir dele evoluir. Mas nunca terei esse sentimento a respeito do outro. 
     É chegado o tempo de mudar. E o farei com um diferencial crucial.

A crítica pura

     Minha solução é simples. A tolerância deverá sempre existir. Da minha parte ela sempre existirá, e crescerá o quanto eu puder nutri-la. Devo mudar outro aspecto: o meu silêncio. 
     A amizade é feita desse conflito. É através dele que muito se constrói, e não apenas do pacifismo e da tolerância. Mas não existe conflito mais genuíno que aquele causa por um questionamento próprio? que terá sua gênese na crítica pura.
     É uma solução teórica, não há certeza em sua eficiência. As relações são muito mais complexas e imprevisíveis, só gostaria de chamar a atenção para esse aspecto, que foi de belo modo traduzido pelo trecho do livro do Hermann Hesse. São numerosas as ocasiões que realmente precisamos brigar, gerar a discussão, o despeito. Mas para que eles tornem-se cada vez mais raros e desnecessários.
     Estamos em etapas diferentes da nossa jornada. Porém a crítica, como há mais de um ano discorri aqui, é universal. E servirá sempre de instrumento para intercalar as experiências, os seres.
   

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Biocida

     O famoso Design inteligente me parece muito careta. Se foi mesmo engenhoso, usou toda inteligência para criar o maior jogo de sadismo que esse universo já viu. E nesse teatro macabro, atuamos nós, seres humanos, sem ensaio, muito menos roteiro.
     Faz-se necessário observar as extremas dificuldades enfrentadas por espécimes em meio natural. A Natureza é árdua, a princípio. A maioria dos nichos é perigosa e põe os animais em constante luta pela sobrevivência. A incessante luta, já é suficiente para entreter o animal.
     Quando essa questão é analisada com essa ideia de vida como uma distração, ela torna-se algo incrível. Seguindo porém, outra linha de raciocínio, a vida desde o início é um grande mistério, em si é o maior exemplo de que a curiosidade matou o gato.
     Aparentemente não detectamos a vida propriamente dita em outros planetas, o que mostra o quão rara essa formação é; de fato, o ser vivo é convidado por si mesmo para um universo que não precisa dele. A não ser é claro, para que o universo tenha consciência de si. O que me diz de um planeta inabitado, no qual sua atmosfera começa a gerar reações químicas que darão gênese às primeiras substâncias orgânicas?
     A vida começa sem ser convidada, estrutura-se de uma maneira completamente aloprada, mas harmônica. Aloprada pois as interações entre os seres vivos são, com toda certeza, aquilo que poderíamos comparar às ligações nos átomos, ao cimento nos edifícios e a costura nas vestes.
     Vou dizer o que a Mestra fez, é claro, não vou ensinar nada, somente apresentarei  uma ótica interessante. Sua estratégia é de auto-sacrifício, visando sua mantença.
     É importante frisar que  falo da Vida como um tudo, mas seria impossível tentar falar sobre o todo sem aquilo do que ele é formado; os seres vivos. Além disso, cabe colocar aqui a definição que irei usar na maior parte do texto, sendo a vida um período entre o nascimento e a morte. Pois bem.

A dor como ingrediente da vida

     Algum infeliz, que aliás, foi feliz num ato, deu um empurrãozinho e hoje vemos tamanha diversidade na nossa biosfera. As responsáveis, naturalmente, foram as leis físicas que regem nosso universo. A partir daí espalhou-se por todo o globo, se foi um processo mais lento em certas épocas, agilizou-se com a Explosão Cambriana.
     Encontro importantíssimos três estágios. O primeiro deles é a transição entre o vivo e o morto, o que é explicado pelo ciclo dos organismos. Se algo está vivo, é porque antes estava "morto", e vai morrer novamente. Então quando o desenvolvimento de um indivíduo  se dá por meio de compostos inorgânicos e orgânicos, ele inevitavelmente vai voltar a ser apenas esses compostos, então forma-se o paradoxo:  A vida consiste em animar o inanimado, mas não consegue se manter sem tornar-se novamente inanimada.
     Se acabássemos com todos os ciclos de todos organismos, matando-os, nada haveria de diferente daquele momento em que só haviam substâncias "mortas", cerca de 3 bilhões de anos atrás. A não ser uma condição muito mais propícia para que tudo se reciclasse.
     O segundo estágio é quando ocorre uma relação de prejuízo (ou relação desarmônica, se preferir) entre seres vivos. Os heterotróficos explicam muito bem esse processo de sacrifícios - mencionado anteriormente. A Vida é a única manifestação conceitual que precisa provocar danos a si mesma para desenvolver. (Estou transitando entre a perspectiva do todo e do indivíduo)
    Se um elemento preda o outro, é com certeza um prejuízo total para a presa, mas também é a única forma do predador progredir. Temos: É preciso avariar, ou seja, inanimar para que possa, por sua vez, criar novos indivíduos e manter outros.
     O terceiro, e precursor de muitos problemas, é o aparecimento de uma sistema nervoso mais complexo, que aumenta a sensibilidade e reação ao meio. Com isso, possibilidades como sentir dor, prazer, e uma gama de estímulos transformam-se em realidade. É nessa parte em que pergunto o quão longe essa Mestra já não foi, e se não deveria parar por aí.
     A natureza é a criança educada, munida de uma lupa num dia ensolarado, ela sorri e diz: Que venham à mim as formiguinhas!
     Minha intenção é plantar a mesma dúvida que me atormenta: A evolução, o desenvolvimento dos seres vivos, os processos de adaptação e seleção natural, e principalmente a possibilidade da criação de um Campo subjetivo nos seres humanos, tudo isso, é imbuído de que valor moral?
     
Um marinheiro confuso, num barco sem rumo

     A condição de tornar-se um organismo, ou seja, tudo que proporciona isso, é uma avalanche de mecanismos harmônicos que trabalham, gerando essa enorme biodiversidade. Até alguns milhares (ou talvez milhões) de anos atrás, nenhum ser tinha a consciência de sua estadia. Eis que surge um mais intrometido que a própria vida! E entende um período pelo qual tem noção do seu metabolismo, da suas atividades nesse mundo. 
     Nos interessa antes disso acontecer, por enquanto. Antes desse evento catastrófico, o que poderíamos dizer? O que mais me persegue é o fato de que a vida não possui sentido para qualquer um!      
     Qual o sentido da vida de um animal? Ele luta por sua sobrevivência, faz tudo apenas para continuar vivendo? NÃO! Ele faz isso para continuar vivendo e para REPRODUZIR-SE. Sim, tudo gira em torno de passar seus genes adiante, mas qual a finalidade disso? Bem, evoluir. Criar mais e mais vida, para que isso se repita indefinidamente, passando por altos e baixos, evolução, extinção...
     Eu não sei se estou me induzindo a crer, mas não está presente uma enorme dose de sadismo aqui? Quero dizer, estamos a par das condições do mundo natural (a maioria de nós) e sabemos que nada de bonito há no leãozinho que retira da zebra o seu alimento, matando-a. Muito menos no dragão-de-komodo, que mesmo a sua presa escapando de um ataque, estará morta em alguns dias devido a uma infecção generalizada oriunda da mordida do lagarto. Simples assim, um coquetel de bactérias e uma morte lenta e dolorosa.
     Represento com esse subtítulo, a experiência que toda forma de vida no nosso planeta está submetida. Pense comigo, que por exemplo, o número de bactérias na sua pele é maior que o número total de células do seu corpo, e que foi de um indivíduo primitivo como esse que possibilitou que você, primata do gênero Homo seja como é.
     Somos os poucos, os ínfimos tripulantes conscientes de uma expedição gigantesca chamada Vida.
   
Consciência

     Nunca foi meu desejo tomar as dores da humanidade e me corroer com tamanha desgraça e tantas histórias horríveis. Porque assim o são.
     Nunca foi meu desejo fazer-me manifestação dessa vida. Ter consciência. É a palavra mais pesada que já aprendi. Seria necessário um léxico de uma dúzia de escritores clássicos para equiparar-se a essa palavra. 
     Por causa dessa coisa chamada consciência, nós refletimos muito. Acabamos inventando um mundo. É o que defendo. A nossa vida hoje, é baseada em ideias tão alheias ao mundo natural, coisas que surgiram da imaginação de algumas mulheres e homens. Dinheiro. Filosofia. História.
     Estabelecendo uma exemplificação: Um leão que mata um búfalo para alimentar-se. O leão é um animal restritamente carnívoro, não podendo obter seu alimento de qualquer outra fonte que não seja carne. Esse cenário é imperturbável quando analisado assim, mas basta adicionar a Consciência que temos um conflito instantâneo. BOOM! O processo de morte envolvido é extremamente doloroso, além de cessar ali uma vida. Mas por outro lado, se o leão não alimentar-se do búfalo, quem morrerá (de maneira não-menos cruel) será ele. E aqui retorno ao primeiro subtítulo, por que a vida deve que se firmar de modo que sempre haverá essa relação desarmônica, haveria algum tipo de Evolução que não incluísse a dor e essa constante disputa? Por que a vida é essa constante disputa? Essa seleção natural, selecionados para quê? Por que, ó raios, o leão tem que matar para viver, caso contrário morrerá?
     Agora, como ser humano, posso escolher entre matar um animal ou optar por uma dieta vegetariana. Porque sou naturalmente habilitado a ter uma dieta onívora. Imaginemos agora então, um cenário em que o ser humano seria um ser estritamente carnívoro, como o leão, mas ainda dotado de consciência, ou seja, tendo a ciência da dor causada à presa. Então, o que se haveria de fazer? Para que não me atenha apenas a natureza do heterótrofo, que tal se as plantas possuíssem uma sensibilidade igual aos animais, de modo que em qualquer dieta o sofrimento fosse gerado. O que seria moralmente correto?
     Esse é o grande problema, a priori, aqui não existe moralmente, muito menos correto. Esse é o léu desse mar caótico que navegamos, só que dotados de uma espécie de bússola traiçoeira; a noção do "mal" que causamos. Mas agora, a parte de qualquer mal que causemos, também aponto: Ora, minha natureza, você mesma se construiu com violência e dor. Como acha que seus filhos dotados de consciência devem se comportar?
     É claro que ela não me responde. É claro que ninguém me responde, nem eu mesmo. Mas isso não me desanima. Porém, eu preciso terminar o que comecei aqui, então sigo.
     Nós sempre queremos nos colocar de uma maneira distante dos animais, como civilizados. Sempre procuramos nos afastar daquilo que é selvagem, inculto, primitivo, aparentemente irracional. Conseguimos? Sim, grande parte do tempo para uma minoria de pessoas. Essas, providas de todo o tipo de conforto, podem sim ficarem alheias ao comportamento considerado selvagem.
     E acho que é uma bela proposta, se não fosse aplicada de maneira tão errada, e cruel.
     Seria boa se procurássemos nos afastar da dor provocada conscientemente na natureza. Me pego rindo num momento desses dos texto, porque penso no que todas as nossas leis são baseadas, e como o ser humano é contraditório. Um assassino, por que é condenado? Por que matou? Então, mas o câncer mata muitas pessoas, não só uma, como nosso amigo assassino, mas milhões. Tal qual a tuberculose. Por que não existe uma legislação específica para determinar a pena dessas doenças? Certo. Que exemplo ridículo, pensemos então num acidente em um zoológico, em que um crocodilo ataca uma criança e a mata. Ele poderia ser julgado, condenado.
     Se é então, a noção ao cometer um crime que condiciona a condenação, que prendam a raça humana! Estamos matando crianças de fome ( não se preocupem, é normal um leão matar uma cria que não tem seus genes), fomentando guerras (chimpanzés são extremamente territorialistas, travando sangrentas disputas entre as coalizões*) promovendo um holocausto sobre bilhões de animais terrestres e marinhos para alimentar a boca de uma pequena parcela da população (lobos comem alces; ursos-marinhos focas; cobras ratos; e crocodilos qualquer presa) sendo que para que isso seja possível, milhões de hectares destinados apenas a alimentação animal (para que dar os grãos diretamente às pessoas, não?). Mães abandonam seus filhos (a fêmea de uma espécie de besouro come parte da sua cria, caso falte alimento).
     Sim, a vida é uma mistura de belo e feio. Dor e prazer. Na medida certa? Pensando no conjunto, talvez, analisando-se cada indivíduo, não.
     Levou-se bilhões de anos - considerando que apenas o ser humano desenvolver uma consciência no universo - para que a Natureza pudesse olhar-se no espelho. Somos feitos de material estelar. É isso o que somos, e estamos provando de uma visão que nunca antes foi possível. Esquecemos nossas verdadeiras origens, não planos divinos ou qualquer tipo de predestinação.
     Após evocar todas essas questões, e ainda deixarei muito em aberto. Após tocar na ferida, e analisar o que é a vida, essa coisa que nos envolve, que nos é. Partindo das comparações e nunca nos esquecendo da nossa própria história, de quanto ódio foi produzido, de quanto amor foi cultivado. É com essa melancolia, reflexão, sobre o que é a humanidade nisso tudo, que eu gostaria de deixá-lo, a sós, talvez não tão sozinho, pois tem minhas palavras... Mas acima de tudo, deixo-lhe novamente o convite, de pensar por todos, e seriamente, perguntar se a sua vida é isso mesmo que você já planejou, construída nos precários suportes do amanhã. Pois caso você não se lembre, o futuro é incerto, e o câncer ainda não foi preso.

domingo, 1 de setembro de 2013

Tabuleiro de tabus

    Confesso que procurei definições e discussões sobre a palavra tabu antes de escrever esse texto.  O significado todo especial concebido a essa palavra neste texto é sem dúvida muito questionável, mas deixarei a questão de lado em uma primeira escrita, permitindo-me a discuti-la em outro espaço.
     Vários escritores foram notáveis por colocar o dedo na ferida, por apontar o que a sociedade gostaria de esconder. Transformaram seus livros em olhos, e os viraram para as mazelas que nos permeiam a vida.
     Não é de longe minha intenção no momento. Eu só gostaria de falar abertamente. Queria dizer qualquer coisa que me causasse receio ao sair pela minha boca. Porque eu posso fazer isso, e vou.


Meninos e meninas

     São meninos e meninas que me deixam muito intrigado. Se estou incomodado com alguma situação, ela contamina minha mente e então tudo começa a passar por um filtro completamente diferente. Esse filtro é impressionante e, na verdade, não deveria ser chamado como tal. É mais justo dizer que em vez de filtrar algo que deveria ser de certo modo refinado, estou apenas me deixando aberto àquela alternativa. Estou vendo!
     Nunca vamos fugir de algo tão criminoso quanto a opinião alheia. Recomendo expressamente a leitura da obra de Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas para maiores esclarecimentos. 
     E aqui, introduzo o primeiro ponto do meu pensamento. O quanto estamos acorrentados? Acho interessante lembrar que temos muitas vezes a impressão de estarmos evoluindo ao questionarmos preconceitos e rótulos, mas eu discordo completamente. Evoluindo? De uma maneira muito cretina sim. Porém, estamos apenas compensando um imenso déficit que nos acometeu.
     Importar-se menos com comportamentos que racionalmente são ridículos, fazer da sua vida a sua, e não apenas mais uma lata de sardinha no supermercado, essas atitudes, ao meu ver, já deveriam ser naturais a todos. Possuir uma visão preconceituosa, adotar ideologias racistas, sexistas, etc, é apenas estar muito abaixo do que poderia ser considerado o primeiro passo no caminho da sabedoria. Abandonar essa escória de pensamento é apenas perceber as correntes que nos circundam.
     Ainda assim, postulando que essa busca já esteja em andamento, notam-se falhas tremendas. Momentos críticos onde aquele que supostamente possui a mente mais independente das amarras da vergonha e do politicamente correto sente sua imagem ameaçada ou sua representação para com os semelhantes tomando rumos que lhe incomodam.
     Sim. Não é assim que se supera. Atirar tudo ao lixo. Porque, quem simplesmente quer ignorar os rótulos e não estudá-los, corre o sério risco de estar ignorando apenas os rótulos que não lhe soam convenientes. Enquanto de certo modo, está apenas construindo um outro tipo de catalogação, e se esse rótulo disfarçado é ameaçado; ela afunda.
     Então, estou aqui para falar desses meninos e meninas por aí, tantos dos quais eu gostaria de falar, conhecer e fazer conhecer-me mas não terei a oportunidade. Tantos que nunca lerão essas palavras que me ajudaram a escrever hoje.
     Porém, os que estão a minha volta terão de mim o maior esforço para que - para que o quê? 
     Para que esqueçamos de tudo, tudo mesmo, mas não de modo definitivo, mas em momentos que não devemos lembrar de que existimos, ou do que aprendemos. Loucura que pretendo tentar.
     Confesso que o texto saturou-se em certo momento, mas esforço-me para transmitir algo tão importante. Me sinto tão bem ao escrever isso, estou segredando a tu, e não fazendo qualquer discurso, e nesse clima tão próximo e gostoso, prossigo.


O fracasso é perturbador

    Sou agora, Arthur. Olá, estava eu postando alguns vídeos no blog. Gostaria de ter me dedicado mais, mas não o fiz. E como resultado, após duas postagens já não sabia o que postar. Acabei encontrando algumas coisas interessantes, mas passou longe do que eu pretendia. 
     Acho interessante dizer-lhes que eu nunca escrevi do modo como eu escrevo nesse "subtexto". É um modo tão singular que só foi revelado pois é o melhor tradutor do que eu quero fazer nesse texto.
     Todos que já tiveram a sua adolescência ou a vivem, vão entender perfeitamente do que eu vou falar. E não sei como essas coisas vão se mexer dentro de você, porque elas foram deveras cruéis com muitos, e imperdoáveis para outros.
     Por mais que tentamos crescer interiormente, ainda somos oprimidos. 
     Vou ser bem direto, pois não quero me prolongar sobre tudo aquilo que precede momentos como os que vou citar, então conto a vós:
     Que aquela vossa tia que pergunta sobre "as namoradinhas" ataca tão fundo quanto uma lança afiada, diretamente no seu emocional. 
      Que aquele tio que pergunta "já comeu?" morde um lado vulnerável. E que eu seja perdoado pela grande presença de perguntas comumente dirigidas a um menino, o que já chama atenção. Já preocupa.
      O fracasso é perturbador.
      O óbvio ignorado é mais valioso que o subliminar descoberto. Se eu dizer que ninguém gosta de falar de suas falhas, vou estar dizendo algo muito evidente. Mas até que ponto somos incitados a falar dos nossos erros, e até que ponto as outras pessoas se sentem confortáveis dentro disso? 
     Penso que a minha segunda pergunta não faria tanto estrago a uma pessoa que já teve uma relação sexual com a parceira. Então, ai não existe uma falha sua, portanto, torna-se incrivelmente um bizarro mérito, de modo que ela vai tentar expô-lo ao máximo. (para quem?)
     Acho incrível como o conteúdo sexual está envolvido. Mais intrigante ainda é que não se trata de falar sobre sexo, mas sim sobre o seu sexo. Sobre o seu corpo, sobre sexo e que envolva a sua pessoa. Quantos dramas pessoais não moram nessa região?
     E agora como estou falando de um assunto mais específico (e vou abordar mais "derivações" nesse contexto) gostaria de questionar a esmagadora incidência da exigência nos homens. São com certeza os mais bombardeados com essas violações que os deixam aptos a ferir outros e geram um ciclo que é ridículo, pois não se ganha nada, somente mais e mais danos. Mas o que danos consecutivos entre machos lembram? Competição. Sexo é matéria de extrema importância para o macho, por que não colocar aqui uma frase:
     "...Em espécies que se reproduzem sexualmente, o único modo de fazer filhos é misturar os próprios genes com os de um outro indivíduo. E o único modo de fazer isso, para os homens, é atraindo uma fêmea da espécie pela sedução. É por isso que os machos da maioria das espécies evoluem para agir como se a cópula fosse o ato mais importante da vida. Para os genes masculinos a cópula é o portal para a imortalidade. É por isso que os machos arriscam suas vidas por oportunidades de cópula -  e é por isso que um louva-a-deus continua copulando mesmo depois que a fêmea comeu sua cabeça."
     Algo que me diverte são as pessoas que insistem em afastar o ser humano dos animais. Sendo que os primatas Homo sapiens se comportam exatamente como qualquer animal quando se trata de... tudo. Mas aqui o assunto é sexo, é não há de ser diferente. Basta recordar que o assunto que mais permeia uma roda de amigos é sobre mulheres, que existe um pensamento sexual latente vinte e quatro horas por dia, que é potencialmente excitado por qualquer tipo de estímulo.
     Uma das derivações que gostaria de anotar também é uma questão que persegue todo menino. O xingamento mais comum e forma de provocar mais ordinária para um garoto é ser chamado de gay. Tenho alguns pontos sobre essa questão.
     Em poucas palavras, o homossexual é uma afronta ao ciclo mencionado anteriormente, pois como há de ser inserido? Aliás, quando a tia pergunta "e as namoradinhas" está se esquecendo da possibilidade homo afetiva (ou tentando não lembrar-se hahaha).
     Por fim, gostaria de enunciar certas falhas que realmente desnorteiam-nos. São relacionadas a alguma tarefa que deveríamos desempenhar com determinado desempenho, mas não o fazemos. A frustração nossa de cada dia não poderia queimar mais forte com a o dedo alheio nela pressionado. 
     O fracasso é perturbador.
     Quanto mais exclusivo o problema; maior a dor. Principalmente no que diz respeito aos laços. Coloque na mesa a fraquezas e desaventuras que uma pessoa possui em relação a seus laços e faça trabalhar sobre isso, é o mesmo que convidá-la a um inferno.
     Um pequeno exemplo disso (pois acho interessante provocar esse experimento) é um pai distante que não consegue estabelecer um diálogo aberto com seu filho, irmãos que não se encaram de frente, fogem e vivem como irmãos de sangue, mas nem de longe conhecem o íntimo de cada um. Vivem na mesma casa, cada um com a sua rotina, na hora do aperto são muito próximos, se amam. Mas... 
     Foi muito difícil achar uma forma de expressar esse pensamento. Basicamente tenho vergonha daquilo que sou e que é feio. Se meu corpo é feio. Se não correspondo aos critérios que citei. 
     O fracasso é perturbador porque evoluímos aprendendo que a derrota significa a extinção dos genes. A seleção natural.

Tabuleiro de tabus

     Somos enxadristas tão habilidosos que nos espantaríamos com tamanha maestria para lidar com as imposições dos outros participantes. Toda essa rede de complexidade parece ser fácil de escapar quando dissolvida e desmascarada. Mas meu maior temor são tremendos nódulos dentro de cada um que geram seres humanos com algum tipo de trauma.
     Desde pequenos, somos testados e (o mais importante) testamos os outros. Essa conversa sobre bullying parece brincadeira de criança quando avançamos pela idade adulta. Enormes buracos na personalidade, e uma instabilidade emocional gigantesca são boas consequências para se citar.
     E os feios e feias, que sempre foram deixados de lado, que não conseguiam ganhar a atenção do parceiro e por isso glorificar-se com o objetivo de toda forma de vida que já pisou na face da Terra. Reprodução. E na sua feiura terão de cultivar uma beleza de forma duvidosa, mas que pode acabar dando certo.
      Lembra-te agora, quando disse que o assunto mais recorrente entre amigos era sobre mulheres? Seria interessante notar o jogo empregado, pois, por que haveriam de comentar senão para saber a opinião dos outros? Então analisando friamente essa situação, temos: Comparações e expressões como: "Eu como ela três vezes" (perdoa os exemplos ridículos) o que seria uma espécie de exaltação de si mesmo, que se manifesta repetidamente, ao mesmo tempo que cada um está medindo a reação do próximo. 
     Vamos vivendo imersos em tanta competição, mas somos dotados de uma consciência que nos amaldiçoa devido a nosso fracasso. Essa é a maldição que recai sobre a humanidade. Sua consciência identificando as incoerências da "animalidade". É saber do podre da maçã, mas não ter poder sobre sua mão que a colhe, ou sobre a boca que a mastiga.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A$$A$$INO

Money.. it's a hit.
https://www.youtube.com/watch?v=cpbbuaIA3Ds

O que é o dinheiro? Papel? Riqueza? Equivalência em qualquer produto que se possa imaginar?

...Felicidade?

Não posso responder-vos, porém adianto: É grande integrante de um espírito de época; sua essência.

Zeitgeist - Addendum

https://www.youtube.com/watch?v=Z71lo_OeD34

E no final do vídeo uma entrevista com Peter Joseph (produtor, diretor e narrador da série Zeitgeist).

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Limiar do controlado

Quando as regras não servem.

É quando a fome bate
O medo assombra
a carne sucumbe
A mente vacila

Mente. Mind.
Mentalize.
Mental - lise.

http://www.youtube.com/watch?v=8Bp-cgUQpbk&hd=1

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A pale blue dot

O que realmente é real nisso tudo? Eu acredito que inventamos quase tudo do que vivemos. São apetrechos virtuais: sistema, guerras, religiões, gramática,etc.

Então quando paro para pensar nisso, simplesmente o ódio torna-se completamente esvaído de sentido. Acredito que esse vídeo foi uma escolha feliz, principalmente após a última postagem.